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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Parte I


"Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para fazê-lo feliz quando a contempla. Ele pensa: "Minha flor está lá, em algum lugar..."



Sempre houvera, no planeta do pequeno príncipe, flores muito simples, ornadas de uma só fileira de pétalas, e que não ocupavam espaço nem incomodavam ninguém. Apareciam pela manhã, na relva, e a á tarde já murchavam. Mas aquela brotara um dia de uma semente trazida não se sabe de onde, e o principezinho resolvera vigiar de perto o pequeno broto que era tão diferente dos outros. (...) mas a flor parecia nuncaacabar de preparar a sua beleza, no seu verde aposento.
(...)
Eis que, numa manhã, justamente á hora do sol nascer, ela se mostrou. E ela, que se preparara com tanto esmero, disse bocejando:
- Ah! Eu acabo de desespertar...Desculpa... Estou ainda despenteada...
O principezinho, então, não pôde conter o seu espanto:
- Como és bonita!
- É verdade - respondeu a flor docemente. - E nasci ao mesmo tempo que o sol...(...) Creio que é hora do café da manhã - acrescentou ela. - Tu poderias cuidar de mim...
E o principezinho, atordoado, tendo indo buscar um regados com água fresca, molhou a flor. Assim, ela logo começou a atormentá-lo com sua doentia vaidade.
(...)
O principezinho, apesar da sinceridade do seu amor, logo começara a duvidar dela. Levara a serio palavra sem importância, e isto o fez sentir-se muito infeliz.
- Não devia tê-la escutado, não se deve nunca escutar as flores. Basta admirá-las, sentir seu aroma. A minha perfumava todo o planeta, mas eu não sabia como desfrutá-la. Deveria tê-la julgado por seus atos, não pelas suas palavras. Ela exalava perfume e me alegrava, Não podia jamais tê-la abandonado. Deveria ter percebido sua ternura por trás daquelas tolas mentiras. As flores são tão contraditórias! Mas eu era jovem demais para saber amá-la.
(...)
Creio que ele se aproveitou de uma migração de pássaros selvagens para fugir. (...)
E quando regou pela ultima vez a flor e se preparava para colocá-la á redoma, percebeu que tinha vontade de chorar.
- Adeus - disse ele á flor.
Mas a flor não respondeu.
- Adeus - repetiu ele.
A flor tossiu. Mas não era por causa do resfriado.
- Eu fui uma tola - disse finalmente. - Peço-te perdão. Procura ser feliz.
A ausência de censuras o surpreendeu. Ficou parado, completamente sm jeito, com a redoma nas mãos. Não conseguia compreender aquela delicadeza.
- É claro que eu te amo - disse-lhe a flor. - Foi minha culpa não perceberes isso. Mas não tem importância. Foste tão tolo quanto eu. Tenta ser feliz... Larga essa redoma, não preciso mais dela.
- Mas o vento...
- Não estou tão resfriadada assim...
- Mas os bichos...
- É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. Dizem que são tão belas! - Em seguida, acrescentou: Não demores assim, que é exasperant. Tu decidiste partir. Então vai!
Pois ela não queria que ele a visse chorar. Era uma flor muito orgulhosa...




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